Os
professores Ubiratan Castro de Araújo, diretor geral da Fundação Pedro
Calmon, Patrícia Valim, doutoranda em História pela USP, e autora do artigo "O preço da liberdade", na RHBN,
e João Jorge, presidente do Grupo Cultural Olodum, vão se reunir nesta
sexta-feira (12) às 17h, no Palácio Rio Branco, em Salvador, para
conversar sobre a Revolta dos Búzios – também conhecida como Revolta dos
Alfaiates ou Conjuração Baiana –, ocorrida em 1798.
A programação em homenagem aos heróis João de Deus do Nascimento e
Manuel Faustino dos Santos Lira, ambos alfaiates, e aos soldados Lucas
Dantas de Amorim Torres e Luiz Gonzaga das Virgens e Veiga, começa
antes, porém. Às 15h, há uma caminhada da Praça da Piedade, onde eles
foram enforcados, até a Praça Municipal.
Depois da palestra dos professores, haverá ainda a abertura da
exposição “Revolta dos Búzios, heróis negros do Brasil”, que reúne
documentos textuais, manuscritos e livros raros sobre o tema. Também
será possível conferir reproduções dos chamados “boletins sediciosos”,
que foram afixados nas ruas de Salvador pelos líderes do movimento. Mais
informações sobre o evento, clique aqui.
Os quatro homens apontados como líderes do movimento foram mortos no
dia 8 de novembro de 1799. Depois, seus corpos ainda foram
esquartejados. Para tentar homenagear esses homens que lutaram pela
implantação da república e pelo fim da escravidão, desde o dia 4 de
março deste ano, seus nomes figuram no Livro dos Heróis Nacionais.
Na manhã do dia 12 de agosto de 1798,
a cidade de Salvador se deparou, ao acordar, com uma série de boletins
manuscritos afixados em locais públicos. Na esquina da Praça do Palácio,
nas paredes da cabana da preta Benedita, na Igreja de São Bento, entre
outros locais de grande circulação, os 11 papéis convocavam a população
para uma revolução que instituiria uma república democrática no Brasil.
Os boletins divulgados anunciavam ainda o fim dos impostos e taxas
cobrados pela Coroa de Portugal, o aumento do salário para os soldados, a
abertura dos portos para o comércio com as nações amigas, especialmente
a França.
Sem dúvida, foi um dos mais importantes movimentos libertários do país.
Isto porque representou, ao mesmo tempo, os anseios populares de
melhoria de vida e as lutas anticoloniais contra monopólios e
privilégios portugueses que prejudicavam as classes médias locais e
aumentavam o custo de vida.
Delatados, os conspiradores foram localizados pelas forças portuguesas
quando faziam uma reunião. O resultado foi a prisão de 59 pessoas, das
quais 34 foram processadas e algumas condenadas ao degredo. Apenas
quatro homens, todos negros, receberam a pena de morte. Os membros das
classes mais abastadas foram inocentados ou receberam indultos.
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